Germinal
Passou. A
vida é assim: é o temporal que chega,
Ruge,
esbraveja e passa, ecoando, serra a serra,
No furioso
raivar da indômita refrega
Que as montanhas
abala e os troncos desenterra.
Mas o
pranto, afinal, que essa cólera encerra
Tomba: é a
chuva que cai e que a planície rega;
E a cada
gota, ali, cada gérmen se apega
Fecundando,
a minar, toda a alagada terra.
Também o
coração do convulsivo aperto
Da dor e das
paixões, das angústias supremas,
Sente-se
livre, após, a um grande choro aberto.
Alma! já que
não é mister que ansiosa gemas,
Alma!
fecunda enfim nas lágrimas que verto,
Possas tu
germinar e florescer em Poemas!
(poeta
brasileiro falecido faz hoje 95 anos)
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