Noite do
Roubo
A quem foram
roubar os pobres trapos:
A mim, que
sou humilde pobrezinho?
Olhem bem
que o valor desses farrapos
Está em ter
minha avó fiado o linho.
Ó rocas a
fiar, contos de fadas!
Eu
tinha-lhes amor e a simpatia
Que vem das
saudades de algum dia,
Longe, das
velhas noites seroadas.
Bragais de
minha casa, e as roupas feitas
Por mãos de
minha mãe, muito me assusta
Que os
tomassem perversas mãos suspeitas.
Ah! mãos do
furto, olhai, trazei-me à justa
Os meus
linhos — suor dumas colheitas —
E amor dos
meus que a mim muito me custa.
(poeta
coimbrão falecido a 5 de Março de 1958)
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