Taça com
asas
Uma taça com
asas: quem a viu
Antes de
mim? Vi-a ontem. Subia
Com lenta
majestade, como quem verte
Óleo
sagrado: em suas doces bordas
Meus
delicados lábios apertava:
Nem uma gota
sequer, nem uma gota
Do bálsamo
perdi que houve em teu beijo!
Tua cabeça
de negra cabeleira
-Lembras-te?
- com minha mão pedia,
Pra que de
mim teus lábios generosos
Não se
afastassem. - Serena como o beijo
Que a ti me
transfundia era a suave
Atmosfera em
redor: a vida inteira
Senti que a
mim, abraçando-te, abraçava!
Perdi de
vista o mundo, e seus ruídos,
Sua invejosa
e bárbara batalha!
Uma taça
subia pelo espaço
E eu, em
braços não vistos reclinado,
Atrás dela,
nas doces bordas preso:
Pelo espaço
azul eu ascendia!
Oh amor, oh
imenso, oh artista perfeito!:
Em roda ou
em carril funde o ferreiro o ferro:
Uma flor ou
mulher ou águia ou anjo
Em ouro ou
prata o ourives cinzela:
Apenas tu,
só tu, sabes o modo
De reduzir o
Universo a um beijo!
(José Martí
nasceu em Havana a 28 de Janeiro de 1853)
Tradução de
José Bento
A vitória anunciada haveria de surgir.
ResponderEliminarAbraço