O Meu Sonho
Habitual
Tenho às
vezes um sonho estranho e penetrante 
Com uma
desconhecida, que amo e que me ama 
E que, de
cada vez, nunca é bem a mesma 
Nem é bem
qualquer outra, e me ama e compreende. 
Porque me
entende, e o meu coração, transparente 
Só pra ela,
ah!, deixa de ser um problema 
Só pra ela,
e os suores da minha testa pálida, 
Só ela,
quando chora, sabe refrescá-los. 
Será morena,
loira ou ruiva? — Ainda ignoro. 
O seu nome?
Recordo que é suave e sonoro 
Como esses
dos amantes que a vida exilou. 
O olhar é
semelhante ao olhar das estátuas 
E quanto à
voz, distante e calma e grave, guarda 
Inflexões de
outras vozes que o tempo calou. 
(poeta
francês falecido a 8 de Janeiro de 1896)
Tradução de Fernando Pinto do Amaral
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