À minha mãe
1
Disseste-me:
este
é o meu
corpo,
o meu
sangue.
Toma, come e
bebe
- vida e
mortalha.
Depois, o
pão
fatiado,
ferido
pela faca
e o vinho
vermelho
vertido,
manchando
as toalhas.
Sob o olhar
obsceno de
um deus
que te
usurpava
as palavras.
2
Sagrada
obscenidade
do corpo
tocado pela
promessa
da morte:
como um
pária
ou como a
marca
de um deus
ausente.
Sejas
sacrílega
e
devolve-lhe
a qualidade
humilde
dos corpos
vivos.
3
Como se me
viesse de ti
a carne, o
sangue
das
palavras.
(escritora
catalã que hoje faria 60 anos)
Tradução de
Ronald Polito
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