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segunda-feira, outubro 22, 2012

Recuso-me

Recuso-me a ficar amolecido
Tragicamente cilindrado
E muito antes de lutar - vencido
E muito antes de morrer - violado.

Recuso-me ao silêncio e à mordaça
Serei independente, livre e exacto
A verdade é uma força que ultrapassa
A própria dimensão em que combato.

Recuso-me a servir a violência
Embora a minha voz de nada valha
Mas que me fique ao menos a consciência
De que tentei romper esta muralha.

Recuso-me a ter medo e a estiolar
Na concha dos poetas sem mensagem
Que me levem o corpo e a coragem
Mas que fique esta voz para cantar.


(poeta português falecido faz hoje 24 anos)

3 comentários:

  1. "Recuso-me ao silêncio e à mordaça
    Serei independente, livre e exacto
    A verdade é uma força que ultrapassa
    A própria dimensão em que combato."

    São homens com palavras como estas que me fazem sentir orgulho de me sentir revoltada e não me calar.
    Obrigada lino pela partilha
    Boa semana meu amigo

    Beijinho e uma flor

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  2. Musicado e cantado por Luís Cília. Um grande poema mais do que actual.

    Abraco

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