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quinta-feira, outubro 11, 2012

Litania

O teu rosto inclinado pelo vento...
A feroz brancura dos teus dentes,
As mãos, de certo modo, irresponsáveis...
E contudo sombrias, e contudo transparentes.

O triunfo cruel das tuas pernas,
Colunas em repouso se anoitece.
O peito raso, claro, feito de água,
A boca sossegada onde apetece...

Navegar ou cantar, ou simplesmente ser
A cor d'um fruto, ou peso d'uma flor,
As palavras mordendo a solidão,
Atravessadas de alegria e de terror,
São a grande razão... são a única razão...


(escritor brasileiro falecido faz hoje 8 anos)

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