Não dizia nada
Não dizia nada,
aproximava apenas um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.
Entre os ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele,
Jorros de sonho
Feito carne interrogando as nuvens.
Um contacto ao passar,
Um fugidio olhar no meio das sombras,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Igual em figura, iguais em amor, iguais em desejo.
Embora seja só uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.
(poeta sevilhano nascido a 21 de Setembro de 1902)
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