Cerejas
Brancas
De cerejas
brancas, de estrelas vermelhas de lábios azuis,
Era a tua
voz. Doce, docemente. Inocentemente.
Dizia
palavras, dizia palavras... Alucinações.
Monstros e
promessas. Magia, segredo. Artes do Diabo.
Reflexos
tristes da luz que nos foge, da luz que anda à solta e nos deixa presos.
Ouço a tua
voz chamando, chamando...
Ah! nenhum
de nós somos os culpados!
Docemente
extinta. Inocentemente.
Um círculo
da Lua rodeia teus braços,
Um raio de
Sol te dirige os passos.
É a tua voz!
de menino e moço!
Ah! quanta
ternura tem a tua voz,
Quanto beijo
que jamais fora dado,
Quanta linda
festa que logo interrompida,
Quanto
abraço que desejaste dar ...
Ouço a tua
voz. É som ou desmaio?
É quebranto?
É música? Sai do coração?
Ouço a tua
voz, que respeita e ama,
Como irmão
mais novo a irmão mais velho.
Diz-me que é
inútil. Que essa tua voz
Não é
verdadeira, porque sofrerás...
Embora me
tragas, sem eu saber como,
Alguma
alegria, um pouco de paz!
Queira Deus
que tu, irmão meu, encontres
Alguém que
ao ouvi-la, quando estiveres só,
Te ame e
compreenda, te ouça e adormeça,
Te afirme
que tens um lugar no Mundo ...
(poeta
alvitense nascido faz hoje 92 anos)
Cerejas com sabor a Alentejo!
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