Correspondências
A natureza é
um templo augusto, singular,
Que a gente
ouve exprimir em língua misteriosa;
Um bosque
simbolista onde a árvore frondosa
Vê passar os
mortais, e segue-os com o olhar.
Como
distintos sons que ao longe vão perder-se,
Formando uma
só voz, de uma rara unidade,
Tem vasta
como a noite a claridade,
Sons,
perfumes e cor logram corresponder-se
Há perfumes
subtis de carnes virginais,
Doces como o
oboé, verdes como o alecrim,
E outros, de
corrupção, ricos e triunfais
Como o âmbar
e o musgo, o incenso e o benjoim,
Entoando o
louvor dos arroubos ideais,
Com a larga
expansão das notas d'um clarim.
(Charles
Baudelaire faleceu faz hoje 145 anos)
Tradução de Delfim Guimarães
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