Ânfora fui
Ânfora fui;
O seu
cadáver sou.
Emparedada
neste museu,
Pasto do pó
e dos olhares
Que não
perscrutam a minha mágoa,
Eu sou quem
fui,
Menos o fim
que alguém me deu,
De conter
vinho e mel e água...
Enfim, eu
não sou nada,
Que há muito
já se não propaga a mim
O calor de
uma anca,
E o meu
fresco conteúdo
Não encontra
uma boca
E uma sede
não estanca.
Do oleiro
que me fez
- A poeira,
talvez
Dispersa e
reunida,
A contenha
outra vida
Ou outra
ânfora... -
Nem memória
persiste do seu nome.
(poeta
português falecido em Lourenço Marques faz hoje 53 anos)
Um poema fortíssimo que mexe connosco.
ResponderEliminarAbraço