Ontem ao
luar
Ontem, ao
luar, nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste
o que era a dor de uma paixão.
Nada
respondi, calmo assim fiquei
Mas, fitando
o azul do azul do céu
A lua azul
eu te mostrei
Mostrando-a a
ti, dos olhos meus correr senti
Uma nívea
lágrima e, assim, te respondi
Fiquei a
sorrir por ter o prazer
De ver a
lágrima nos olhos a sofrer
A dor da
paixão não tem explicação
Como definir
o que eu só sei sentir
É mister
sofrer para se saber
O que no
peito o coração não quer dizer
Pergunta ao
luar, travesso e tão taful
De noite a
chorar na onda toda azul
Pergunta ao
luar, do mar à canção
Qual o
mistério que há na dor de uma paixão
Se tu
desejas saber o que é o amor
E sentir o
seu calor
O amaríssimo
travor do seu dulçor
Sobe um
monte à beira mar, ao luar
Ouve a onda
sobre a areia a lacrimar
Ouve o
silêncio a falar na solidão
De um calado
coração
A penar, a
derramar os prantos seus
Ouve o choro
perenal
A dor
silente, universal
E a dor
maior que a dor de Deus
Se tu queres
mais
Saber a
fonte dos meus ais
Põe o ouvido
aqui na rósea flor do coração
Ouve a
inquietação da melancória pulsação
Busca saber
qual a razão
Porque ele
vive assim tão triste a suspirar
A palpitar
em desesperação
Na queima de
amar de um insensível coração
Que a
ninguém dirá no peito ingrato em que ele está
Mas que ao
sepulcro fatalmente o levará
Catullo da
Paixão Cearense faleceu faz hoje 49 anos
Música de
Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara na voz de Marisa Monte
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