AUTOBIOGRAFIA
Algumas
poucas tabernas, velho armário,
cão de
folhas,
árvores do
escuro ladram,
eu corro
pelas páginas no focinho do cão.
A garrafa. O
gin gira
e fere-me
lábios e aviva o vinho velho.
Velho vidro.
Espalha o espelho (as palavras
no charco do
álcool).
Nunca o
coração bebe,
a árvore
ondulante bebe,
o coração
obscuro vive a violência
do meu ponto
de vista,
mas
habita-me
na confissão
se os cães
da retórica velhos
correm
contra a pele,
quando as
lágrimas os soltam
e as páginas
inesperadamente se derramam.
E o meu
armário fala, fantasma arborescente.
Em vez de um
lírio, as minhas fezes na boca,
a espuma da
copa. Álcool.
É o mar.
Choro
assombrado.
(poeta
espinhense que hoje faz 64 anos)
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