Reminiscência
Na noite fria
Tua voz quente
expunha anseios tais,
tinha um tal despudor,
vinha tão nua,
que minha boca sentiu desejos
de vesti-la de beijos...
Na noite fria
tua voz quente
errava, louca de destemor,
pelos gelados e ermos espaços...
E tive pena de tua fala...
E abri minha alma para abrigá-la
Na noite fria
tua voz quente
pediu tanto,
chorava tanto...
Que minha vida te dei,
com a mágoa
com que se lança
velho tesouro às mãos travessas
de uma criança
(poetisa carioca nascida a 12 de Março de 1893)
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