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quarta-feira, janeiro 25, 2012

Soneto à Liberdade

Primeiro tu virás, depois a tarde
com terras, mares, algas, vento, peixes.
trarás, no ventre, a marca das idades
e a inquietude dos pássaros libertos.

virás para o enorme do silêncio
- flor boiando na órbita das águas -
tu não verás o fúnebre das horas
nem o canto final do sol poente.

primeiro tu virás, depois a tarde
sem desejos e amor. virás sozinha
como o nome saudade. virás única.

eu não terei a posse do teu corpo
nem me batizarei na tua essência,
mas tu virás primeiro e eu morro livre.


(poeta cabo-verdiano falecido a 25 de Janeiro de 2005)

2 comentários:

  1. Ah, os "Flagelados do vento leste". Que saudades de Cabo-Verde!

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  2. Vou fazer um link para este post. Abraço

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