Semântica Electrónica
Ordeno ao ordenador que me ordene o ordenado
Ordeno ao ordenador que me ordenhe o ordenhado
Ordinalmente
Ordenadamente
Ordeiramente.
Mas o desordeiro
Quebrou o ordenador
E eu já não dou ordens
coordenadas
Seja a quem for.
Então resolvo tomar ordens
Menores, maiores,
E sou ordenado,
Enfim - o ordenado
Que tentei ordenhar ao ordenador quebrado.
- Mas - diz-me a ordenança -
Você não pode ordenhar uma máquina:
Uma máquina é que pode ordenhar uma vaca.
De mais a mais, você agora é padre,
E fica mal a um padre ordenhar, mesmo uma ovelha
Velhaca, mesmo uma ovelha velha,
Quanto mais uma vaca!
Pois uma máquina é vicária (você é vigário?):
Vaca (em vacância) à vaca.
São ordens...
Eu então, ordinalmente ordeiro, ordenado, ordenhado,
Às ordens da ordenança em ordem unida e dispersa
(Para acabar a conversa
Como aprendi na Infantaria),
Ordenhado chorei meu triste fado.
Mas tristeza ordenhada é nata de alegria:
E chorei leite condensado,
Leite em pó, leite céptico asséptico,
Oh, milagre ordinal de um mundo cibernético!
(Vitorino Nemésio nasceu a 19 de Dezembro de 1901)
Vitorino Nemésio não foi apenas prosador, mas tamém poeta, embora conheça muito pouco dos seus poemas.
ResponderEliminarSou um cadidito mais jovem nasci em 1956.
lino muito obrigada pelo seu carinho no meu cantinho.
Beijinho e uma flor
lindo
ResponderEliminarBjinhos
Paulabat
Ah, também ando postando poemas dele...pois estive em vários lugares ligados a esse grande poeta, nomeadamente a sua casa em Praia da Vitória(Terceira)
ResponderEliminarBons sonhos.