Soneto das imagens interiores
Mistério das imagens interiores.
Imersas nestes mares de abandono
as sementes de fogo geram flores:
rosas de pó nas lâminas do outono.
Transfigurada, a fria luz de sono
vela de cinza a face dos pastores,
e os súditos do tempo, e os reis sem trono,
sob o mudo legado de outras dores.
Na áspera latitude um rio corre
branco de eternidade. As nebulosas
vão-se formando, enquanto o sonho morre.
Há pássaros absortos na obcecada
cisma da solidão; e mãos ansiosas
abrem portas de sombra para o nada.
(poeta pernambucano falecido a 21 de Outubro de 2006)
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