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terça-feira, outubro 04, 2011

DENTRO DO COPO

Dentro deste copo se esconde
um gosto amargo que me atiça.

Deita em suas bordas uma lua que não brilha
fadas e bichos de meus sonhos tortos.

Minha melancolia está guardada no copo
e um sorriso que me disfarça sem graça.

Bóia no líquido do copo um rio me afunda
e defuntos que me abraçam com flores de enterro.

Cabe na solidão do copo
a lembrança o medo e o desejo.

Reside na água triste deste copo que me absolve
um relógio que devora o tempo.

Ele dispara e arrasta a vida para o fundo do copo.

José Romildo Alves Feitosa

(poeta brasileiro)

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