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sexta-feira, agosto 12, 2011

Grito

Não. Não irei sem grito.
Minha voz nesse dia subirá.
E eu me erguerei também.
Solitária.
Definida.

As portas adormecidas abrirão
passagem para o mundo.

Meus sonhos, meus fantasmas,
meus exércitos derrotados,
sacudirão o exército de convenção
e as máscaras de piedade compungida.

Dispensarei as rosas, as violetas,
os absurdos véus sobre meu rosto.

Serei eu mesma.
Estarei inteira sobre a mesa.
As mãos vazias e crispadas,
os olhos acordados,
a boca vincada
de amargor.

Não. Não irei sem grito.

Abram as portas adormecidas,
levantem as cortinas,
abaixem as vozes
e as máscaras -

que eu vou sair inteira.
Eu mesma. Solitária,
Definida.


(poetisa brasileira nascida a 12 de Agosto e 1905)

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