Grito
Não. Não irei sem grito.
Minha voz nesse dia subirá.
E eu me erguerei também.
Solitária.
Definida.
As portas adormecidas abrirão
passagem para o mundo.
Meus sonhos, meus fantasmas,
meus exércitos derrotados,
sacudirão o exército de convenção
e as máscaras de piedade compungida.
Dispensarei as rosas, as violetas,
os absurdos véus sobre meu rosto.
Serei eu mesma.
Estarei inteira sobre a mesa.
As mãos vazias e crispadas,
os olhos acordados,
a boca vincada
de amargor.
Não. Não irei sem grito.
Abram as portas adormecidas,
levantem as cortinas,
abaixem as vozes
e as máscaras -
que eu vou sair inteira.
Eu mesma. Solitária,
Definida.
(poetisa brasileira nascida a 12 de Agosto e 1905)
Sem comentários:
Enviar um comentário