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sábado, junho 25, 2011


Auto-Retrato

Entre a espuma e a navalha sou legenda.
O espelho neutraliza o ângulo da morte,
a barba estrangulou a metafísica
e o problema do mal é bem remoto.
Aqui sim.
Aqui resistirei à mímica,
ao dicionário e ao laboratório.
(a herança do punhal brilha de novo
o fantasma de Abel não me intimida)
Vejo a testa crescer
entre espirais de fumo,
o olhar que não vacila
da ruga à pré-história
e o peito rasgado
pela fúria do poema.

Aqui sim,
aqui iniciarei a espécie nova,
aqui derrotarei o homem-harpa
e pronto estou para a descoberta do sexo.
O pincel dá-me o poder do patriarca,
a navalha reduz a timidez e o medo,
o palavrão rola na boca e salva o mundo.


(poeta paraense nascido a 25 de Junho de 1920)

3 comentários:

  1. "o palavrão rola na boca e salva o mundo."
    Tenho a impressão, Lino, que é assim mesmo a saída...
    Abraço

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  2. Interessantíssimo! E total novidade...

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