Roça
A noite sangra
no mato,
ferida por uma aguda lança
de cólera.
A madrugada sangra
de outro modo:
é o sino da alvorada
que desperta o terreiro.
É o feito que começa
a destinar as tarefas
para mais um dia de trabalho.
A manhã sangra ainda:
salsas a bananeira
com um machim de prata;
capinas o mato
com um machim de raiva;
abres o coco
com um machim de esperança;
cortas o cacho de andim
com um machim de certeza.
E à tarde regressas
à senzala;
a noite esculpe
os seus lábios frios
na tua pele
E sonhas na distância
uma vida mais livre,
que o teu gesto
há-de realizar.
(poetisa são-tomense falecida a 10 de Março de 2007)
Belíssimo poema. De raça!!
ResponderEliminarmaravilhoso
ResponderEliminarBjinhos
Paula
Expressiva poesia de Manuela Margarido.
ResponderEliminarQuanto a literatura de João Ubaldo, amigo Lino, é valiosa, sem a menor dúvida, mas ler Eça de Queiroz é muito mais agradável.
Ubaldo ganhou um prêmio Camões, o maior de lingua portuguesa.
Abraço