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quarta-feira, março 23, 2011

Meditação Sobre os Poderes

Rubricavam os decretos, as folhas tristes
sobre a mesa dos seus poderes efémeros.
Queriam ser reis, czares, tantas coisas,
e rodeavam-se de pequenos corvos,
palradores e reverentes, dos que repetem:
és grande, ninguém te iguala, ninguém.
Repartiam entre si os tesouros e as dádivas,
murmurando forjadas confidências,
não amando ninguém, nada respeitando.
Encantavam-se com o eco liquefeito
das suas vozes comandando, decretando.
Banqueteavam-se com a pequenez
de tudo quanto julgavam ser grande,
com os quadros, com o fulgor novo-rico
das vénias e dos protocolos. Vinha a morte
e mostrava-lhes como tudo é fugaz
quando, humanamente, se está de passagem,
corpo em trânsito para lado nenhum.
Acabaram sempre a chorar sobre a miséria
dos seus títulos afundados na terra lamacenta.

José Jorge Letria

4 comentários:

  1. Olá, meu caro!

    Obrigado pelos seus votos
    sobre ao meu livro.

    Dizem-me que correu bem e que me vão
    enviar um vídeo.

    Depois coloco-o no blog.

    Forte abraço

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  2. O eterno entusiasmo humano com o poder e a fortuna. Transitoriedade. Desaparecem de hora para outra!
    Ótimo, Lino. O caminho é este mesmo.

    Abraço,
    Jorge

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  3. O José Jorge falará dos políticos portugueses... ou dos carrascos de Portugal?

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