Em seu enterro…
(poema dedicado a Carlos Marighela)
Em seu enterro não havia velas:
Como acendê-las, sem a luz do dia?
Em seu enterro não havia flores:
Onde colhê-las, nessa manha fria?
Em seu enterro não havia povo:
Como encontrá-lo, nessa rua vazia?
Em seu enterro não havia gestos:
Parada inerte a minha mão jazia.
Em seu enterro não havia vozes:
Sob censura estavam as salmodias.
Mas luz, e flor, e povo, e canto
responderão “presente”, chegada
a primavera mesmo que tardia!
Ana Montenegro, Berlim, Outono de 1969
(poetisa brasileira e lutadora contra a ditadura, falecida a 30 de Março de 2006)
forte
ResponderEliminarbjinhos
Paula