Poente
As minhas sensações - barcos sem velas -
Erram de mim. Ocaso roxo. Cismo.
Meus olhos de Não-ver-me são janelas
Dando sobre o abismo.
Abismo d'Outro Ser. E a Hora chora
Nostálgica de Si, mas eu de vê-las
Erro de Ser-me, e a noite sem estrelas
Apavora.
Delírio roxo d'agonia. Prece.
Poente feito noite. Escuridão.
Perturbo-me de mim em sensação
E dentro em mim desfalece
E anoitece
A sombra do meu Ser na solidão
Do dia que morreu
E se perdeu
E jamais amanhece.
(Armando César Côrtes-Rodrigues nasceu a 28 de Fevereiro de 1891)
(poema publicado no primeiro número da Revista Orpheu, de Janeiro/Fevereiro/Março de 1915)
Da sombra...
ResponderEliminar"acaso roxo"! excelente exemplo da Poesia do Orfeu...
ResponderEliminar(tens razão quanto ao "rio". acho que estou a abusar. ainca acabo por meter água ... lol)
abraços
Da sombra?
ResponderEliminarSó há sombra onde há muita luz.
abismo de ouro!
ResponderEliminarserra pelada!
lindo demais!
bejo!
Boa memória
ResponderEliminarPodia ter sido escrito no séc. XXI!
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