Elegia
A alegria da vida, essa alegria d'oiro
A pouco e pouco em mim vai-se extinguindo, vai...
Melros alegres de bico loiro,
Ó melros negros, cantai, cantai!
Ando lívido, arrasto o pobre corpo exangue,
Que era feito da luz das claras madrugadas...
Rosas vermelhas da cor do sangue,
Rosas abri-vos às gargalhadas!
Limpidez virginal, graça d'Anacreonte,
Mimo, frescura, força, onde é que estais?... não sei!...
Ó águas vivas, águas do monte,
Ó águas puras, correi, correi!
Eu sinto-me prostrado em lânguido desmaio,
E a minha fronte verga exausta para o chão...
Cedros altivos, sem medo ao raio,
Cedros erguei-vos pela amplidão!
Guerra Junqueiro, in Poesias Dispersas
"Minha velha ama que me estás fitando
ResponderEliminarcanta-me cantigas para me embalar.
Canta-me cantigas, manso, muito manso
como à noite o mar... (...)"
Forte abraço