Os necrófagos
Quando me levantei de madrugada pensei falar de necrófagos, não sei bem porquê, talvez pelo cheiro a cadáver que se sente no ar da baixa pombalina. Hienas que riem, urubus e abutres à espreita ou corvos na bandeira da capital nunca me seduziram, apesar de serem animalejos cada vez mais presentes nos vários níveis da sociedade portuguesa. Mas o céu plúmbeo (um comportamento criminoso do sol, em linguagem popular) alterou-me de tal modo o humor que prefiro ficar-me pelo céu muito nublado com aguaceiros frequentes. E se estivesse sozinho em casa, ia ouvir as quatro missas de requiem que tenho numa caixa de cêdês tripla. Como há boa companhia, vai um tinto alentejano para desanuviar a mente.
Acordaste com uma disposição muito lúgubre, safou-se o vinho alentejano que é dos meus preferidos, embora não escarneça dos do douro, mais macios!
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