Na corda bamba
Decorre desde as 10 da manhã (hora de Washington) de hoje uma espécie de cimeira entre Democratas e Republicanos, presidida por Obama e televisionada para todos o país, com vista a encontrar uma solução para a prestação de cuidados de saúde, uma das bandeiras da campanha do actual Presidente.
Goste-se ou não de Barack Obama, é necessário reconhecer que é muito o que está em causa, não só para os Estados Unidos mas também para o resto do mundo.
Por um lado, os Estados Unidos já gastam 17% do seu PIB na prestação de cuidados de saúde, o que corresponde a mais do dobro da média dos países desenvolvidos, e continua a ter perto de 50 milhões de cidadãos fora do sistema, aparecendo no 37º lugar na lista da OMS em termos de cobertura dos cidadãos. Na mortalidade infantil, por exemplo, caíram da 12ª posição, em 1960, para a 30ª, em 2005. Se não for encontrada uma solução que aumente drasticamente a eficiência, prestando cuidados de saúde a muitas mais pessoas com custos significativamente reduzidos, poderá estar em causa a bancarrota de centenas ou milhares de empresas (os males da GM e da Chrysler tiveram a sua origem, em grande parte, na incapacidade de fazer face aos custos com cuidados de saúde contratualmente garantidos aos seus empregados) e, em última instância, do próprio país, o que só alguém completamente louco e fanático poderá desejar.
Por outro lado, se Obama não conseguir fazer aprovar legislação significativa neste particular, dificilmente conseguirá fazê-lo noutras áreas fulcrais da governação, desde o emprego à regulação bancária, passando pela energia, pela responsabilidade orçamental ou outras políticas macro económicas. E todos estamos a sentir na pele aquilo a que pode conduzir a desregulação das instituições financeiras.
O economista e colunista britânico Anatole Kaletsky dá-nos, no Times de hoje, uma panorâmica do que pode estar em causa a nível global se a cimeira de hoje falhar. Para ler e meditar.
Poizé!
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