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segunda-feira, janeiro 04, 2010

NÚPCIAS DE NADA

Desenhar riscos de nada sobre nada
que sofrem por antecipação
pelo nada que são;
fazer do nada lixo
para o nada imanente
ao momento de criação.

De um nada ao outro
criar uma ponte ausente
onde trafega a ilusão

de dor que vai
e volta pequena
dádiva de absolvição

da culpa de nada.
Aqui está: de absolutamente
nada a representação.

Mas diga que não há,
após tais núpcias de nada,
algum mistério absurdo,
algum silêncio túrgido,
alguma fosforescência no pensando.

Felipe Vasconcelos*

*poeta carioca

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