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quinta-feira, janeiro 21, 2010

Filha roubada

Mais uma história de arrepiar, numa reportagem do jornalista José Ramos e Ramos no programa Linha da Frente de ontem, na RTP1, cerca das 21 horas, posta corajosamente no ar mesmo perante as ameaças recebidas.

Maria é o nome da criança de 8 anos que, há 7 meses, foi retirada à mãe sob pretexto de sofrer de um desequilíbrio psíquico (síndrome de alienação parental) da qual nem a Organização Mundial de Saúde nem a Associação Americana de Psiquiatria reconhecem a existência.

Pelo que se vi e ouviu, os pais da criança divorciaram-se há alguns anos, tendo a criança ficado à guarda da mãe. Mas, com o tempo, Maria recusou-se peremptoriamente a visitar o pai e, vai daí, um juiz de 30 anos, com “larga experiência” em assuntos de crianças, decidiu interná-la compulsivamente numa instituição dirigida por uma seita religiosa do mais troglodita que existe (mas mesmo que não o fosse, o problema persistia), sem sequer autorizar que se despedisse da mãe e de outros familiares.

Que sim, afirmou um psicólogo que viu a Maria a pedido do pai, a criança sofria do tal desequilíbrio, mas ele não foi ouvido sobre o seu internamento e considerava um perfeito disparate que o juiz a tivesse retirado à mãe. Outros especialistas mais maduros, quer da área da medicina quer da área do direito, zurziram a bom zurzir no juiz inimputável.

As visitas da mãe são limitadas a uma hora, sempre na presença de alguém da instituição, só foi autorizada a levar um brinquedo e não pode tirar fotografias à filha. As crianças são periodicamente enfiadas numa carrinha para se deslocarem ao serviço religioso e saem da carrinha sem o apoio de qualquer adulto.

Tudo em defesa dos “superiores interesses da criança” um chavão que alguém inventou para classificar o inclassificável. Talvez quem o cunhou e o tal juiz nunca tenham sido crianças, quem sabe. Entretanto o avô chora, a mãe (professora) desfaz-se em lágrimas e vive em desespero, enquanto se perpetua a injustiça em nome da justiça.

Para quem não viu, vale a pena ouvir e ver.

2 comentários:

  1. Já estive aqui há uns dois dias e vi parte do vídeo, achei tudo tão estranho! Como se pode tirar a filha a uma mãe, sem que se conste que esta constitua uma má influência na formação psicológica da filha? Ainda por cima, para a internar numa daquelas casas religiosas, que presumo que façam mais mal do que bem? Existem pais que fazem a vida dos filhos num inferno, só pelo desejo de manterem guerrinhas entre si, mas este caso parece que ultrapassa tudo isso...

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