Na contra-mão
Uma prece dolorida no rosto taciturno.
Convenhamos! tudo parece mentira...
Um nó de marinheiro que paira na laringe
engasgando o forte desejo de chorar...
A conjectura de palavras submersas
em tonéis de dores escabrosas... mais uma vez...
Enquanto estiver aqui, andarei na contra-mão.
Amarei a quem não me ama, sorrirei para não morrer.
Serei uma pessoa boa, um paradoxo,
inerte em controvérsias inóspitas.
Enquanto estiver aqui, correrei à frente do tempo...
Sairei em expedições infindáveis,
tentarei ser feliz novamente, mesmo que pela última vez.
Enquanto estiver aqui viverei...
No dorso curvado, um sinal de submissão,
Uma amostra de humildade a mim mesmo;
alucinada tentativa de achar razão...
As veias oculares inflam os olhos,
avermelhando o branco normal, descolando a retina...
As lágrimas?
As lágrimas não caem mais, nada mais escorre pela face.
A sudorese fria pela pressão baixa deixa o corpo mole,
aumenta a depressão e o desejo de fim...
Este talvez seja o grande legado do poeta à loucura
de estar vivo, e, o fardo de se estar...
Fábio Fontes*
*poeta brasileiro
abraço.
ResponderEliminargostei muito do Poema.