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quarta-feira, novembro 04, 2009

O país de uma nota só Não pretendo nada, nem flores, louvores, triunfos. nada de nada. Somente um protesto, uma brecha no muro, e fazer ecoar, com voz surda que seja, e sem outro valor, o que se esconde no peito, no fundo da alma de milhões de sufocados. Algo por onde possa filtrar o pensamento, a ideia que puseram no cárcere. A passagem subiu, o leite acabou, a criança morreu, a carne sumiu, o IPM prendeu, o DOPS torturou, o deputado cedeu, a linha dura vetou, a censura proibiu, o governo entregou, o desemprego cresceu, a carestia aumentou, o Nordeste encolheu, o país resvalou. Tudo dó, tudo dó, tudo dó... E em todo o país repercute o tom de uma nota só... de uma nota só... Carlos Marighella* *poeta e político brasileiro, assassinado em São Paulo pela Junta Militar, em 4 de Novembro de 1969.

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