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domingo, setembro 06, 2009

O estado mínimo A dona Mané quer implantar o estado mínimo no rectângulo tuga, ao mesmo tempo que promete resolver o problema do desemprego, o que é um atentado à inteligência dos seus concidadãos, já que um estado mínimo implicará um aumento exponencial do desemprego, como passo demonstrar. Deixa de haver estado civil, passando o estado do cidadão a ser mínimo, em vez de solteiro, casado, viúvo, divorciado, amigado, amancebado ou unido de facto; ora, a inexistência de estado civil tornará desnecessária a actualização de certos documentos, com incidência desastrosa no número de trabalhadores de conservatórias, notários e lojas do cidadão. Os portugueses passarão a ter um estado de saúde mínimo, em vez de terem um estado de saúde mau, bom ou assim-asssim, pelo que não precisam de ser tratados com urgência: o encerramento de postos de saúde, hospitais, clínicas, consultórios, laboratórios, etc. será inevitável, com o consequente cortejo de despedimentos em massa. Todas as vias rodoviárias e ferroviárias passam a dispensar qualquer manutenção desde que apresentem um estado mínimo de operacionalidade: mais desemprego. A brigada de trânsito pode ser extinta, pois deixará de haver excessos de velocidade (o estado da velocidade será mínimo), os condutores apresentarão sempre um estado mínimo em termos de consumo de bebidas alcoólicas, os pneus estarão num estado mínimo de conservação e a viatura, desde que ande, terá um estado mínimo de operacionalidade. Despedimentos na polícia, fecho de fábricas de pneus, de oficinas de reparação de automóveis e de todos os centros de IPO; desemprego a rodos. A educação passará, também, a ser de um estado mínimo, pelo que mais de metade dos professores passarão a excedentários e irão para o desemprego. A qualidade da justiça será reduzida a um estado ainda mais mínimo, lançando no desemprego juízes, advogados e pessoal dos tribunais. E podia continuar, mas estes poucos exemplos já nos devem levar para uma taxa de desemprego de mais de 25%. Isso trará convulsões sociais, que serão facilmente resolvidas reduzindo a democracia a um estado mínimo, isto é, suspendendo-a pelo tempo necessário para pôr o país na ordem. O que a dona Mané deve achar bem, mas que aumentará ainda mais o desemprego, pois a Assembleia da República será inútil e as autarquias também. E fecharão as fábricas de gipes, pois o homem de Boliqueime já não precisará deles para transportar as leis que tem de analisar nas férias. Até nem sei se, num estado mínimo, não será melhor eliminar também o órgão Presidência da República e alugar o palácio de Belém ao pai do Afonsinho que, com a ajuda dos seus compadres de além fronteiras, poderá pagar uma renda bem elevada. A bem da nação.

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