How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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sexta-feira, março 13, 2009
Públicas virtudes, vícios privados
Uma das coisas que mais me enoja é a hipocrisia. Talvez por ter nascido numa família bastante pobre que, à míngua de meios materiais, tinha profundamente arreigados os valores da honradez e da franqueza; ou talvez por ter vivido a infância e a adolescência a ouvir os relatos das acções revolucionárias de um nazareno de há dois mil anos, que não perdia uma oportunidade para desancar a hipocrisia de escribas e fariseus, de tal forma que as palavras fariseu e hipócrita se tornaram sinónimos nas línguas latinas.
Vem isto a propósito de um estudo, levado cabo por Benjamin Edelman, da Harvard Business School, sobre o consumo de pornografia nos Estados Unidos entre 2006 e 2008, nos lares com acesso a banda larga.
Publicado no Journal of Economic Perspectives, o estudo mostra que os Estados tradicionalmente dominados pelos republicanos são mais propensos ao consumo de filmes pornográficos online. Ora, como se sabe, esses Estados são, precisamente, os mais conservadores e defensores dos valores familiares tradicionais, aqueles em que, porque a Janet Jackson mostrou uma mama na final da Super Bowl aqui há alguns anos, as pessoas obrigaram as grandes estações de televisão a transmitir os grandes espectáculos desse tipo com um diferimento de tempo suficiente para cortar as imagens que as “ofendem”.
A análise das receitas de cartões de crédito de um grande fornecedor de pornografia colocou o ultra-conservador Utah no topo do consumo com 5,47 subscrições por 1000 lares com acesso por banda larga, contra 1,92 por 1000 no Montana, que ocupa o último lugar.
Mas, como revelou a New Scientist, há uma tendência política mais ampla, já que 8 dos 10 Estados que mais consomem pornografia votaram John McCain (as excepções foram a Florida e o Hawai), enquanto 6 dos 10 Estados que consomem menos optaram por Barack Obama.
E a contradição entre o que se defende publicamente e o que se pratica em privado é mais clara dado o estudo ter mostrado que quanto mais religioso é um Estado mais pornografia consome: Estados onde a maioria dos residentes concordou com a afirmação “eu tenho valores dos tempos antigos acerca da família e do casamento” efectuarem 3,6 mais subscrições por mil habitantes do que Estados onde a maioria dos residentes discordou da afirmação; uma diferença similar surgiu para a afirmação “a SIDA talvez seja um castigo de Deus pelo comportamento sexual imoral”.
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