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sexta-feira, setembro 05, 2008

Pássaro ferido O poeta magoado não luta não vive o dia não tece seus sonhos, vai em desfilada contra o tempo percorrido contra a corrente natural das coisas importantes que não param nem podem parar por razões algumas. Vai contra si mesmo quando se desama e faz disso pretexto de existência. O poeta magoado sofre a cada instante como uma necessidade e não como um castigo, até que suas chagas sangrentas se revelem a horas de sarar por si, qual pássaro ferido voando sem destino à procura de uma réstea de Sol promessa mais que redentora breve tão mais quanto possível mas desde logo esperança renovada. Um poeta, mesmo magoado, não chora, deixa antes que seu canto triste seu lamento mais profundo e doloroso tomem conta de sua alma sonhadora. E quem vir por essas ruas fora uns olhos mortiços e distantes, carregados de uma secular resignação, pode estar certo de que pertencem a um poeta magoado. António Pires Vicente* *poeta bragançano No dia do seu 45º aniversário

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