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sábado, agosto 09, 2008

As palavras As palavras saltitam, pululam, estão soltas, sem amarras. Palavras vivas. Sons, movimentos, sentimentos. Se não, estão petrificadas, feitas de letras - arquiteturas banais. As palavras não representam, elas são, estão além dos significados - ou seria, mais, bem, aquém? Libertadas dos dicionários pelos campos pelas fábricas, pelos lugares de sua gestação. Originárias, necessárias. Elas exercem um poder tanto porque podemos com elas apoderar-nos do mundo (ou conhecer) quanto elas nos governam e orientam. As palavras são a música das coisas nomináveis; as formas das coisas: o próprio som que elas emitem. Podemos dar às palavras o sentido que se queira aprisiona-las em obras de fina urdidura. Mas nem sempre -e felizmente – as palavras levam à Razão, vão ao imaginário à beleza de sua condição: as ondas equilibram o movimento do mar, marmorizado nas palavras. Podemos transformá-las em textos decifráveis. Esgarçá-las, montá-las sobre uma superfície limitante, e fria. Não obstante, as palavras estarão livres vivificadas quando poesia. António Miranda* *poeta brasileiro

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