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sábado, agosto 02, 2008

Apologia do extermínio Benny Morris é um historiador israelita, que parece mover-se bem nos meios políticos e militares do estado judaico e ter acesso privilegiado aos planeadores estratégicos de Israel. Apesar de se considerar a si próprio politicamente de esquerda, publicou no jornal de referência estado-unidense The New York Times, em 18 de Julho passado, um artigo significativamente intitulado Utilizar Bombas para Evitar a Guerra, no qual advoga nada mais nada mesmo que o holocausto nuclear do Irão. A leitura do artigo é arrepiante, como o é o facto de ter sido publicado no respeitável jornal da elite bem pensante nova-iorquina, facto que constitui uma espécie de aval a todas as loucuras dos falcões israelitas. Não seria a primeira vez que as palavras de Benny Morris cheiram a premonição. Em entrevista publicada em 9 de Janeiro de 2004 no jornal israelita liberal Haaretz, curiosamente intitulada “A Sobrevivência dos mais Aptos? ”, o Sr. Morris afirmou, entre muitas outras enormidades acerca do povo palestino, o seguinte: algo como uma jaula tem de ser construído para eles. Eu sei que isso soa horrivelmente. Isso é realmente cruel. Mas não há escolha. Há um animal selvagem por aí que tem de ser enjaulado de uma forma ou de outra. Logo a seguir foi o que se viu e ainda vê: construção do muro da vergonha, bloqueio marítimo e terrestre, privação de electricidade... Depois de toda a campanha desenvolvida pelo inefável Sr. W. contra o Irão, com o apoio incondicional de Israel e a política da “Maria vai com as outras” do resto do ocidente, principalmente da União Europeia, é sintomático que a auto-proclamada imprensa “livre” não tenha feito qualquer abordagem crítica dos postulados de Morris, cujo alcance está bem patente neste artigo de David Bromwich, professor da universidade de Yale, ou neste outro do sociólogo James Petras. Por cá, moita carrasco! Ou os patrões habituais mandaram silenciar os arautos da "imprensa livre", ou a Maddie, a Quinta da Fonte e até mesmo a Esmeralda são bem mais importantes do que setenta milhões de iranianos ameaçados de extermínio.

1 comentário:

  1. Sim...
    Isto faz-me lembrar a angústia que sentia quando era miúda e se começou a falar das armas nucleares...
    Anda tudo doido e bem menos de meio mundo a querer acabar com o mundo todo.
    Não percebo como se pode estar tão indiferente e não percebo como um país inteiro pode fingir que nem vê, não sabe, nem calcula... acho e que já pouca gente se importa.
    De novo lá sinto que é preciso acreditar que a palavra é acção política e que isto de nos irmos escrevendo há-de fazer alguma diferença.
    Pelo menos, não estamos calados.
    Pelo menos, podemos unir vozes nas palavras que (por aqui, porque não?!) se partilham e fazem maiores.

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