How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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quarta-feira, julho 30, 2008
Mário Quintana por Mário Quintana
Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Há ! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas : ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade.
Nasci do rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton ! Excusez du peu.
Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, instrospectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros ?
Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmacia durante 5 anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Veríssimo - que bem sabem ( ou souberam) , o que é a luta amorosa com as palavras.
Mario Quintana
( texto escrito pelo poeta para a revista Isto É de 14/11/1984)
Quem melhor do que Mário Quintana para falar sobre Mário Quintana.
ResponderEliminarA "luta amorosa com as palavras" é o que encontramos aqui, sempre renovada, de cada vez que o caminho dos dias nos traz a este lugar. Sim!
ResponderEliminar:)
Não gosto de agradecer, gosto bem mais de Engrandecer as coisas boas que me vão oferecendo, posso? É isso que tenho de deixar escrito já aqui, uma palavra completa de engrandecimento pelos pedaços de delícia que nos são oferecidos, sempre, aqui!
Bem-haja, caríssimo companheiro destas andanças na blogosfera! Bem-haja, esta escrita feita partilha que nos ilumina as horas e nos faz esperançar os dias, a vida inteira!
Ninguém, jrd, ninguém.
ResponderEliminarMas que exagero, éme! Perante a iliteracia que por aí grassa, mormente nos media, procuro trazer exemplos de bem escrever, seja em português de Portugal seja no do Brasil.
ResponderEliminarBeijos