Uma mulher à frente do seu tempo
“Viver é envelhecer, nada mais”
Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir, nasceu em Paris há exactamente um século, no dia 9 de Janeiro de 1908.
Originária de uma família burguesa e educada segundo uma rígida moral cristã, esta romancista, ensaísta, memorialista, dramaturga e filósofa existencialista francesa haveria de marcar grande parte do século XX, não só pela sua relação aberta e livre de peias com outro “monstro sagrado” da cultura francesa e mundial - Jean-Paul Sartre – mas, sobretudo, pela sua obra, de que se destaca “O segundo sexo”, considerado um dos livros filosóficos mais relevantes do século, cuja publicação ocorreu em 1949 (por coincidência, o ano em que eu nasci) e que constituiu um rotundo êxito de vendas.
Num mundo acabado de sair da II Guerra Mundial, ainda longe do “make love not war” dos anoos sessenta e do Maio de 68, uma mulher falar, como refere Ana Marques Leitão no DN de hoje, em “sensibilidade vaginal", "espasmo clitoridiano" ou "orgasmo masculino", escandalizou muita gente conservadora mas também alguma esquerda (como Albert Camus), para não falar da Igreja Católica, que colocou a obra no Index Librorum Prohibitorum.
Eu já tive a obra em português de Portugal mas, de momento, não sei onde para, pelo que me permito reproduzir duas passagens que encontrei por aí:
“É certo que o papel sexual da mulher é, em grande parte passivo; viver imediatamente essa situação passiva não é tão masoquista como a actividade do macho é sádica; a mulher pode transcender as carícias, a comoção, a penetração para o seu próprio prazer…; ela pode também procurar a união com o amante e entregar-se-lhe, o que significa uma superação de si e não uma abdicação.”
“O casamento incita o homem a um imperialismo caprichoso; a tentação de dominar é a mais universal, a mais irresistível que existe; entregar o filho à mãe, entregar a mulher ao marido é cultivar a tirania na terra.”
“Uma ligação, ao estabilizar-se, acaba por assumir frequentemente um carácter familiar e conjugal; nela se reencontram o tédio, o ciúme, a prudência, o ardil, todos os vícios do casamento. E a mulher sonha com outro homem que a tire dessa rotina”
Interessante!
ResponderEliminarObrigado pela visita, viviana. Não sabia que havia lírios do campo no Cacém. É aprender até morrer.
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