How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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segunda-feira, janeiro 07, 2008
Biografia Sintática
Eu, substantivo, na ação verbal
Como objeto jamais quis permanecer.
Nutri em vida o ledo sonho
De como sujeito me enternecer.
Fui infeliz na sintaxe da vida,
Pois primeiro me coube a função
Completiva de outro nome
Por imposição de um Ser.
Tornei-me passivo e subordinado,
Com deveras esforço, galguei novo cargo.
Como adjunto caracterizei um cognato
Desses mais aclamados.
Tempos passados me coordenaram
E por meros instantes me orgulhei,
Mas quis o sádico destino alomorfizado
Que eu fosse somente um derivado.
No processo verbal, deixaram-me,
Sem me consultar, no predicado.
Tolo eu fui, pois não me permitiram nuclear...
Completei, assim, um indiferente verbo irregular.
Sofri a farfalhada zombaria
De ingratas preposições....
Delas nada mais se pode esperar,
E a pena caridosa das interjeições
Suspirando seus ai, ais!
Ao meu lugar me pus
E aceitei a passividade do termo,
Quando me promoveram à categoria
De objeto direto, mas por não confiarem,
Fui impiedosamente pleonastiquizado.
A pena, cumpri sem questionar,
Pois esperanças mantive de me verbalizar;
E na diferente construção,
Enfim me realizar.
Não tive a sorte
E no período vaguei
Sem fixa posição,
Totalmente sem lugar.
Quando por fim a notícia tive,
Estava a me deslocar.
Convidaram-me para sujeito
E nem pude acreditar.
De gala me vesti
Todo, inteiro e aprumado
Com o sorriso exposto compareci
Para ser apenas indeterminado.
Magoado com os termos
Faltando a concordância
Brigado com a regência
Desisti da sintaxe...
E fui ser anacoluto na vida.
Alberto da Cruz*
*poeta brasileiro contemporâneo
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