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quarta-feira, maio 16, 2007

Branquinho da Fonseca


António José Branquinho da Fonseca, nascido em Mortágua em 1905 e falecido em Lisboa a 16 de Maio de 1974, foi um poeta, dramaturgo e ficcionista português, filho do célebre e polémico escritor Tomás da Fonseca, sendo um dos escritores mais surpreendentes da geração de 1930, uma geração que, segundo David Mourão-Ferreira, foi marcada por «uma plêiade de grandes narradores», de que fizeram parte José Régio, Branquinho, Miguel Torga, Vitorino Nemésio, Tomaz de Figueiredo, Domingos Monteiro e José Rodrigues Miguéis.

Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi co-editor da Tríptico, revista de arte, poesia e crítica (Coimbra, 1924-25), fundou e dirigiu, com José Régio e João Gaspar Simões, a Presença, folha de arte e crítica (1927-30), tendo saído em 1930 para, com Miguel Torga, fundar a revista literária Sinal (1930). Colaborou, ainda, com a Manifesto (1936) e a Litoral (1944)

Em 1943 foi nomeado Conservador do Museu-Biblioteca Conde de Castro Guimarães, em Cascais, onde lançou a experiência das bibliotecas itinerantes. Essa experiência foi aproveitada pela Gulbenkian, que o convidou para organizar e dirigir o Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas da Fundação, a partir de 1958, tendo sido o seu primeiro director, até à data da sua morte

Assinando os seus textos com o seu nome ou sob o pseudónimo de António Madeira, publicou obras de poesia, teatro, contos, novelas e romances. Foi no género narrativo que mais se distinguiu, sobretudo com a novela O Barão (1942). Destacou-se pela sua capacidade de conciliar o quotidiano e o fantástico e pela intensidade psicológica das suas personagens.

A Câmara Municipal de Cascais atribui um Prémio de Literatura Fantástica com o seu nome existindo, igualmente, O Prémio Branquinho da Fonseca – EXPRESSO/Gulbenkian, uma iniciativa conjunta da Fundação Calouste Gulbenkian e do Jornal Expresso, que tem como objectivo incentivar o aparecimento de jovens escritores de literatura infantil e juvenil.

Sonho da Rosa

Se me recordas entristeço e faço
porque o teu vulto sensual me esqueça
e o teu olhar, a tua boca, e essa
graça de graça que tu pões no passo.

Sonho-fumo esgarçando-se no espaço -
nas mãos em concha amparo-te a cabeça,
e sem que a minha boca desfaleça
beijo-te a boca e cinge-te o meu braço.

Já, no jardim deserto da tristeza,
vens aos meus olhos como a luz acesa
que uma penumbra dolorida apaga...

Vai-se extinguindo o meu desejo... Olha:
tu foste a rosa que ao abrir se esfolha,
nuvem perdida que no céu divaga...

Branquinho da Fonseca (in Poemas – 1926)

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