How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
Páginas
▼
quinta-feira, janeiro 18, 2007
18 de Janeiro de 1984
Cumprem-se hoje 23 anos sobre a morte daquele que ficou conhecido como o poeta de Abril, de seu nome José Carlos Ary dos Santos.
A mão implacável da morte não permitiu que ele continuasse a encher-nos com a sua poesia de amor, paixão e sarcasmo e a maravilhar-nos com a sua qualidade de dizer.
Por mero acaso, consegui encontrar há uns anos, perdido numa grande superfície, uma CD com o Sermão de Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira, dito pelo Zé Carlos. Sublime.
De um humilde admirador que, apesar dos escasso convívio, teve o privilégio de o conhecer ainda antes de Abril, aqui fica uma singela homenagem.
Poeta Castrado, Não!
Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!
Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:
Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!
Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!
José Carlos Ary dos Santos
Gostei muito deste poema de Ary dos Santos. Realmente é pena que já tenha desaparecido há 23 anos.
ResponderEliminarLino,
ResponderEliminarobrigada por fazeres memória do poeta.
Mas o que está uma delícia é o cartoon de hoje :))))
Pois está, MC!
ResponderEliminarE bastante adequado à posta que acabei de afixar