A lenda da maldição
A noite viu a criança que subia a escada cheia de risos e de
sombras 
E pousou como um pássaro ferido sobre as árvores que
choravam. 
A criança era o príncipe-poeta que a música ardente fizera
subir à última torre 
E a noite era a camponesa que amava o príncipe e o adormecia
no seu canto. 
Quando a criança chegou ao ponto mais alto viu que a música
era o riso embriagado 
E que o riso embriagado era das estátuas mortas que tinham
no ventre aberto entranhas murchas. 
A criança lembrou-se da noite cheia de entranhas e cujo riso
era a poesia eterna 
E a angústia cresceu no seu coração como o mar alto nos
penhascos. 
O olhar cego das estátuas levou o herdeiro do reino ao fosso
negro - ó príncipe, onde estás? - a voz dizia 
E a água subia, nos braços, no peito, na boca, nos olhos do
amado da noite. 
Depois saiu do fosso um homem que era o poeta-amaldiçoado 
E que possuiu a noite chorando, adormecida. 
A noite que nada viu continua chamando o príncipe-poeta 
Enquanto o poeta-amaldiçoado chora nos braços das estátuas
mortas... 
(Vinícius de Moraes nasceu faz hoje 99 anos
excelente escolha, bela homenagem!
ResponderEliminarGostei meu amigo.
Bom fim de semana
Beijinho e uma flor
Um poema como uma estátua.
ResponderEliminarAbraco